Arquiteto projeta edifícios, designer projeta espaços, decorador define o estilo dos ambientes
A priori, design de interiores e decoração são apenas dois nomes para a mesma coisa, já que é a Associação Brasileira de Designers (ABD) não faz distinção entre as profissões. No entanto, é preciso compreender que na prática nem sempre um realiza a função do outro, assim como um designer de interiores não pode assumir sempre a função de um arquiteto, e nem um arquiteto a de um engenheiro. O arquiteto tem formação acadêmica, técnica e artística que vislumbra horizontes mais amplos, cuidando não só das edificações como também do urbanismo. Que bom que existam Oscar Niemeyer, não? E o designer? O designer tem formação técnica e artística visando projetar tudo que o seu conhecimento é capaz, desde mobiliários, objetos utilitários ou não, interiores e chegando até o campo da web, com um campo mais restrito, pois não pode assinar projetos de edificações ou urbanísticos, que cabe apenas ao arquiteto. É uma gama infinita de atuação. Não preciso nem dizer que é um artista também, e em se tratando de interiores, sua formação permite que ele intervenha no espaço, modifique a área a ser trabalhada com relação às alvenarias ou à iluminação. Já o decorador alcança a estética usando o conhecimento de cores, formas e bagagem cultural sem intervir nas áreas existentes. É mais intuitivo e menos técnico, não visa intervir no espaço, trabalha apenas com os acessórios e com muita criatividade, tirando proveito da situação existente. Para exercer toda e qualquer profissão é necessário nascer com vocação, ter feeling. Com o arquiteto, o designer ou o decorador não poderia ser diferente! Uma coisa é certa: todos têm intuição e alma de artista, porém com formações e objetivos diferentes. Acho difícil um arquiteto, ao projetar uma casa, por exemplo, obter um ótimo resultado final se não atuar como designer - definindo o layout dos mobiliários em função do uso de espaço e iluminação - e também como decorador, pensando já em materiais, cores e texturas dos mobiliários!
Arquiteto: Começando pelo arquiteto, é o profissional que necessita ter o curso superior em Arquitetura e Urbanismo, geralmente bacharelado de 5 anos, pois é ele quem vai elaborar o projeto, que é onde tudo começa. É o profissional que tem contato direto com o cliente, precisando entender e captar as preferências, o seu modo de vida. Tudo é levado em conta para garantir conforto e a felicidade do cliente, pois quando se trata de uma casa, lida-se não apenas com a moradia da pessoa, mas o seu grande sonho. No projeto arquitetônico é que será definido o aproveitamento dos espaços, paisagismo e design, onde irão surgir as maquetes eletrônicas e o cliente poderá ter a leitura do que está por vir. No projeto são realizadas muitas pesquisas e, dentre elas, tem o estudo dos ventos para garantir a ventilação dos ambientes, bem como o estudo solar, para obter conforto térmico. Mas todo esse trabalho deve ser feito dentro das legislações urbanísticas, sanitárias e ambientais, conciliando as necessidades do cliente com as leis em vigor. Todo arquiteto é automaticamente um designer de interiores, no entanto, nem todos tem o mesmo foco e objetivo em atuar como tal. Exemplo do meu arquiteto, que tem mais de 20 anos de experiência, mas nunca soube me orientar em nada no quesito iluminação, pintura e decoração da casa! Ele fez a planta baixa da casa, cuidou de todos os trâmites do projeto, mas nada da parte decorativa e nem dos móveis. Sei que muitos arquitetos exercem essa função, mas só esclareço aqui que no meu caso meu arquiteto nem conhecimento teve das minhas escolhas decorativas da casa que ele projetou. Famoso arquiteto brasileiro é o renomado Oscar Niemeyer (in memorian).
Obra de Oscar Niemeyer - Museu de Arte Contemporânea de Niterói - RJ
Arquiteto Aquiles e suas obras lindas com linhas curvas!
Arquitetura! Uma verdadeira obra de arte e minha enorme admiração a esses profissionais!
Engenheiro Civil: Aproveitando o tema, vou citar a diferença do engenheiro civil para o arquiteto. O engenheiro necessita curso superior em Engenharia Civil, geralmente bacharelado de 5 anos, sendo o profissional que irá cuidar da parte estrutural, responsável pelos projetos chamados complementares, analisando as características do solo e forças que a construção estará sujeita, desenvolvendo fundações, estrutura, instalações hidráulicas e de gás. Ele decide os melhores materiais e técnicas a serem empregados na construção e cuida para que tudo seja executado conforme exigência das normas, zela pela qualidade dos materiais que estão sendo utilizados, garantindo qualidade, estabilidade e segurança. Na área da construção civil ambos podem projetar, calcular e se responsabilizar por projetos e obras. No entanto, é preciso ficar atento à diferença que já se coloca desde a formação. O curso de Engenharia oferece apenas 160 horas para disciplina de projeto, enquanto que no curso de Arquitetura esta carga horária sobe para a média de 3.500 horas, mas ambos podem projetar. No curso de Engenharia cerca de 4 mil horas são destinadas a cálculo, enquanto em Arquitetura são destinadas cerca de 500 horas, mas ambos podem calcular e se responsabilizar pelo edifício. O ideal seria que os escritórios de arquitetura e engenharia trabalhassem em conjunto. É possível concluir que as profissões se completam para obter resultados eficientes e de qualidade. Contudo, para isto funcionar, é preciso que exista respeito e que cada área conheça suas limitações. É preciso ter maturidade para reconhecer onde termina a atribuição de um para começar a do outro profissional. Em uma obra sempre são vários profissionais envolvidos e é o profissional responsável pela obra que deve fazer a compatibilização de todos os projetos. Ou seja, organizá-los para uma melhor funcionalidade.
Fonte
Prédios monumentais! Trabalho magnífico de engenheiros civis!
O designer de interiores: necessita necessariamente de formação técnica ou superior em curso reconhecido pelo MEC. Os cursos são de curta duração, técnico entre 1 há 1 ano e 6 meses, ou superior tecnológico em média 2 anos e 6 meses. Esse profissional precisa conhecer bem os elementos de design, como espaço, forma, linha, textura/padronagem, luz e cor, bem como conhecer os princípios fundamentais do design, que são: equilíbrio, ritmo, harmonia, unidade, escala, proporção, centros de interesse, variedade etc. Ele pode sugerir alterações na forma do apartamento, como reformas de parede e estrutura de um imóvel, no entanto, ele não pode autorizar ou afirmar a realização dessas mudanças, sem a aprovação de um arquiteto ou um engenheiro, que são os profissionais qualificados para esse tipo de análise. Esse profissional realiza projetos para a casa de acordo com as necessidades e orçamentos dos clientes, levando em consideração normas, técnicas e estruturas dos imóveis. Uma das designers mais famosas da América do Norte é Candice Olson. Outra que tenho imensa admiração, é a talentosa designer brasileira e parceira do blog Iara Kílaris, que trabalha juntamente do arquiteto Aquiles Nícolas Kílaris, considerado o segundo Oscar Niemeyer brasileiro pelas linhas curvas de seus projetos, também parceiro aqui do blog!
Designer Candice e seus lindos projetos!
Designer Iara Kílaris e seu projeto maravilhoso!
O decorador: não necessita de uma formação técnica e/ou superior. Qualquer pessoa observadora e com senso estético apurado pode contribuir para a melhora do ambiente, sugerindo cores, móveis, objetos, disposição dos elementos, texturas etc. Existem muitos cursos de Decoração de Interiores, que são classificados como livres e de atualização ou qualificação profissional, portanto não necessitam de portaria de regularização, são de curta duração, em média 60 a 200 horas, sendo menos de 1 ano. No entanto, os cursos são válidos em todo o território nacional e com certificado. Além disso, a lei nº 9.394, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional mostra que os Cursos Livres passaram a integrar a Educação Profissional, que é a modalidade de educação não-formal de duração variável, destinada a proporcionar ao trabalhador conhecimentos que lhe permitam reprofissionalizar-se, qualificar-se e atualizar-se para o trabalho. Esta mesma lei cita que não há exigência de escolaridade anterior para esta modalidade de ensino. Existem grandes decoradores, com uma bagagem incrível de cultura, bom gosto e poder de transmitir ao ambiente toda sua alma. Conhecem o trabalho que Jad Johnson (in memorian) fazia? É ver para crer! Ninguém menos que Andy Warhol confiava sua casa a ele. Um dos nomes que tem força neste mercado é Frances Adler Elkins (in memorian). Com estilo modernista ela que é francesa é uma verdadeira artista de interiores. Não entrava em pequenos projetos, tratava apenas de museus, casas de famosos e com requinte que impressiona até quem não curte decorar casas.
Andy Warhol e sua requintada casa decorada pelo famoso decorador Jad Johnson!
Sala decorada pela famosa decoradora Frances Adler Elkins!
Em resumo, fiz uma comparação mental desses profissionais tão criativos, imaginando eles no lugar do médico cirurgião plástico - que projeta todo trabalho corporal (a estrutura do corpo), tira seio, coloca bumbum, corrige o nariz - faz a vez do arquiteto; no entanto não se aprofunda na condição da pele, se está com rugas, bem hidratada, do cabelo e a sobrancelha perfeita como uma dermatologista, esteticista ou designer de sobrancelha de uma clínica de beleza, que fazem a vez do designer de interiores; que por sua vez não se aprofundam na beleza desse rosto ou cabelo, como um maquiador profissional, que sabe exatamente qual a maquiagem ideal utilizar, como a tonalidade da base, da sombra e do batom ou no penteado para esse cabelo com o trabalho de um cabeleireiro, profissionais estes, que fazem a vez do decorador e que sabem a melhor maneira de ornar esse corpo que foi esculpido pelo cirurgião plástico! Arquiteto projeta edifícios (comparado ao cirurgião, onde edifícios = corpo), designer projeta espaços (comparado ao esteticista, onde espaço = corpo), decorador define o estilo decorativo através das cores e mobiliários dos ambientes (comparado ao maquiador, onde estilos = corpo). Então não é necessário ter preconceitos de um profissional se achar mais importante que outro, quem tem vocação naquilo que faz, se destaca e brilha, e se torna renomado não pelo estudo que tem, mas pelo prestígio de quem procura seus serviços e pode pagar por eles. Acredito que a maioria dos médicos não ganham a metade do que o maquiador e o cabeleireiro dos famosos! Assim como muitos arquitetos recebem bem menos que os designer e decoradores renomados! Ou melhor, quantos médicos, advogados, engenheiros e arquitetos recebem o salário e o status social que os jogadores de futebol, modelos, artistas e políticos famosos? rsrs... Acho que agora deu bem para entender, que assim como nosso corpo para ficar lindo precisa desses profissionais distintos (cirurgião plástico, esteticista e maquiador/cabeleireiro), nossa casa também (arquiteto/designer de interiores/decorador), pois cada um domina com certo dom e conhecimento cada detalhe de sua área, merecendo assim todo reconhecimento e respeito!